Além da morte
Quero o verso panfletário
Discursando no meio da rua
Aquele utópico e engajado
Verso carne verso osso
Da pele exposta e nua
Dispenso o verso na metade
Que venha voluntário e inteiro
Em toda sua intensidade
Ou nem bata na porta
Quero o verso inventado
Que viver apenas não basta
Que diga a que veio e o que importa
O verso de mãos dadas com o sonho
Ah, esse é o melhor quando declamado!
Verso serve para desdizer o inverso
Do que nunca foi dito
Reune bem e mal, mau e bom
O humano bendito e maldito
Quero o verso ar, o verso água
Minha comida, fonte de saciar
Quero o verso lúdico
Para com ele brincar
O verso abismo, profundo,
Fraco, inseguro, confiante e forte
Catarse de mim e do mundo
Quero o verso para além da morte