NO EXÓTICO MUNDO DAS MEMÓRIAS AFETIVAS

Para onde foi a vaquinha Mococa

que já não muge mais?

Para onde foi o ahhhh do Kolynos

o perfume discreto do Trim

o brilho e a brancura do OMO

as mil e uma utilidades do Bombril

a preferência nacional do Continental

o Danoninho que valia por um bifinho

a Grapete de quem bebe repete

o fazer com carinho da Walita

a coisa mais gostosa deste mundo

que a era a Cremogema

e do Papai Noel voando a jato pelo céu

trazendo o Natal de felicidades

e um ano novo cheio de prosperidade

Ah, que saudade

das alpercatas que não deformavam

não tinham cheiro nem soltavam as tiras

dos quadradinhos embrulhados um a um

do drops Dulcora que meu paladar adora

daquela minha vizinha que não era uma Brastemp

do menininho insistente que queria sua Caloi

da dor que sempre sumia com Doril

da energia que dava gosto do Nescau

do sol da medida certa do Sundown

dos Tostines que vendiam mais

porque eram fresquinhos

da bonita camisa do Fernandinho

do presunto que eu conhecia

na ponta do dedo e na ponta da língua

do tio da Sukita e da voz que continuava a mesma

mas não os cabelos e o creme rinse da Colorama

Sou como um outdoor ambulante

vestido de gente

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 25/07/2024
Reeditado em 25/07/2024
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