-- Uma poesia com quantos sentidos você quiser --

Faz tanto tempo,

desde 86,

e de quando decidimos combinar

de colocar as nossas coisas

e nossos sentidos

no mesmo lugar,

como dizem os astros

nos nossos mapas do céu.

Eu olho pra cima e vejo

que talvez o problema não seja a distância

entre os corpos,

mas o vazio

das tantas coisas não ditas.

e se você quiser saber,

eu poderia te falar

das coisas primeiras do meu dia,

e dos sonhos

que às vezes planto entre os lençóis.

E talvez, em alguma ocasião,

possamos nos olhar,

e compartilhar algo,

mais fundamental

do que a matéria do pensamento.

Tua língua,

minha boca,

meus dedos entre os fios brancos,

dos teus cabelos,

e todas as outras possibilidades,

desperdiçadas

entre Recife

e o teu elevador,

entre a porta da tua casa,

e o todos os lugares

que você ainda não me mostrou.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 25/07/2024
Código do texto: T8114449
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