-- Uma poesia com quantos sentidos você quiser --
Faz tanto tempo,
desde 86,
e de quando decidimos combinar
de colocar as nossas coisas
e nossos sentidos
no mesmo lugar,
como dizem os astros
nos nossos mapas do céu.
Eu olho pra cima e vejo
que talvez o problema não seja a distância
entre os corpos,
mas o vazio
das tantas coisas não ditas.
e se você quiser saber,
eu poderia te falar
das coisas primeiras do meu dia,
e dos sonhos
que às vezes planto entre os lençóis.
E talvez, em alguma ocasião,
possamos nos olhar,
e compartilhar algo,
mais fundamental
do que a matéria do pensamento.
Tua língua,
minha boca,
meus dedos entre os fios brancos,
dos teus cabelos,
e todas as outras possibilidades,
desperdiçadas
entre Recife
e o teu elevador,
entre a porta da tua casa,
e o todos os lugares
que você ainda não me mostrou.