LEMBRANÇAS

Minha casa de infância

Tinha janelas e avarandado

Dentro dela aquele aconchego

Trazendo a sua elegância.

Daquele canteiro de rosas

Vinga aquela fragrância

Ao lado tinha a cozinha

E comidas saborosas.

Fogão de lenha aceso

Aquela mesa comprida

Forno pra assar bolo

De nada eu esqueço.

Tinha um enorme terreiro

Ao lado curral do gado

Onde as galinhas ciscavam

Embaixo de um umbuzeiro.

Um caminho de pedregulho

Onde se chegava a cancela

Que dava pra estrada

Ali era meu orgulho.

Tinha um pequeno jardim

Com alguns pés de rosas

No fundo um laguinho

E aquele pé de jasmim.

Da varanda podia ver

Aquela grande malhada

Foi ali que descobri

O prazer de escrever.

Rabiscava durante o dia

A noite gostava de ler

Sempre gostei de bichos

E prendia na minha poesia.

Tinha uma galinha amarela

Muito da atentada

Subia até na cama

Pulava a janela.

E quando não bagunçava

Perturbava até o galo

Entrava pela cozinha

Alguma coisa quebrava.

E nessa sua agonia

Virou até um livro

Que de tanto atentada

Ela quase não dormia.

Irá Rodrigues