Rua
Pode corta um dobrado/
Que a gente não é folgado/
Vocês podem nunca entender/
Mas virei bandido/
Por que/
Olhem ao seu redor/
A gente tem educação/
Que não forma/
Um fome que nos come/
Uma casa, que não abriga/
Uma miséria, que nos habilita/
Uma sociedade hipócrita/
Com deputados/
Juízes e senadores/
Governantes e/
Muitos senhores/
Envolto a corrupção como colaboradores/
Eu não sou ladrão/
Traficante por opção/
Tantos mil no bolso/
Tantos falsos amigos/
Como de morte/
Sem estudar/
Mulheres a mil/
A liberdade é vulgar/
Minha voz como cidadão/
Não existe/
Mas como bandido resiste/
Com a voz da minha/
Metralhadora/
Papo reto/
Me sinto mortificado/
Nunca posso levar /
Os meus filhos à praça /
Andar por aí achando graça/
Tenho que estar escondido/
Fugindo da polícia/
Todavia o Estado é essa desgraça/
Que o povo paga pelo quê/
Tem tudo do nada/
E nada haver/
Só sofrer/
Mas eles não vivem sem nós/
Comem das migalhas/
Porque essa casa/
Não foi preparada /
Pra fazer ao povo/
Ela serve aos reis/
Pra nos fazer de bobos/
No meio dessa correria/
Posso dizer a você e as minhas crias/
Essa dor latente é a minha poesia/