Pobre menino
Lá vai o menino pobre
Pobre menino, que dó!
Carregando na palma um mundo
De mentes agrilhoadas
Ao brilho da tela tendenciosa
De algumas polegadas
Do rico menino pobre
De veste tão graciosa
Em seus sapatos polidos
Casando com o traje nobre
Trilhando caminhos cômodos
Sob os ladrilhos do conhecimento pronto
Seu olhar reto cortando o norte
É incompleta rosa dos ventos
Rumando um só sentido
Sem a ânsia do bom saber
Frívola saciedade
Segue o menino absorto
E seu pensar adormido
E não conhece nem tudo
Nem sequer um terço do culto
Que mora dentro dos livros
Sapiência alheia ao menino
Navegante da palma da mão
Neto doutros tempos
Da sabida contemplação
Do cheiro das folhas impressas
De estórias e histórias
Transbordantes do consciente oculto
Do fascinante saber profundo
Aos olhos do velho homem
Lanterna aclaradora do mundo
Cortando em retalhos o breu
A cortina da ignorância
Que hoje assola o menino
Dos tempos da “modernança. ”