Pobre menino

Lá vai o menino pobre

Pobre menino, que dó!

Carregando na palma um mundo

De mentes agrilhoadas

Ao brilho da tela tendenciosa

De algumas polegadas

Do rico menino pobre

De veste tão graciosa

Em seus sapatos polidos

Casando com o traje nobre

Trilhando caminhos cômodos

Sob os ladrilhos do conhecimento pronto

Seu olhar reto cortando o norte

É incompleta rosa dos ventos

Rumando um só sentido

Sem a ânsia do bom saber

Frívola saciedade

Segue o menino absorto

E seu pensar adormido

E não conhece nem tudo

Nem sequer um terço do culto

Que mora dentro dos livros

Sapiência alheia ao menino

Navegante da palma da mão

Neto doutros tempos

Da sabida contemplação

Do cheiro das folhas impressas

De estórias e histórias

Transbordantes do consciente oculto

Do fascinante saber profundo

Aos olhos do velho homem

Lanterna aclaradora do mundo

Cortando em retalhos o breu

A cortina da ignorância

Que hoje assola o menino

Dos tempos da “modernança. ”

Acarla
Enviado por Acarla em 24/07/2024
Código do texto: T8113850
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