NOIR
Outra taça de vinho
Está afogando meus pensamentos imersos.
E a questão que nunca se cala é:
Por que você não sai dos meus versos?
Te escrevendo e te eternizando mais uma vez,
O mais triste blues que ecoa no meu coração,
Tão tétrica canção que me abala e me embala
Em lembranças tão confortáveis.
Somos um álbum de fotografias noir
Do portfólio da minha mente,
Silhuetas escuras num fundo preto e branco.
Você é medalha de ouro no ranking das minhas decepções,
Mesmo assim levou o meu amor como prêmio.
Mistério que eu mal entendo...
Estarmos juntos me cortava,
Mas também era a dor que me curava
E me ajudava a suportar o mundo,
Sofrimento profundo e reconfortante ao qual estava acostumada.
Às vezes tenho vontade de regredir
E devolver o poder tirado da minha emoção,
Soltar a voz da paixão e prender a voz da razão.
É tão ruim sentir saudade
Sem poder bater na sua porta...
É cansativo buscar o novo lá fora,
Arrumar outro lugar para visitar
Que não seja aquele maldito quinto andar
Com tantas sensações impregnadas naquelas paredes...
Novamente uma taça de vinho
Fez emergir meus sentimentos incertos.
Porém, ela não me fez esquecer
Que infelizmente não posso te manter por perto.