Cântico do quase (des)amor

Eu me entreguei

Eu deslumbrei-me

Fiz-me versos feitos

à imagem do sonho

que te persegue

Tudo tornei-me

Sol

Lua

Imensidão azul

Pedaço luz

Pedaço escuridão

Fiz-me serena lágrima

Pequeno arco-íris transparente

Quase espelho de loucas ilusões

Gárgulas presas a prédios parecidos

Com grandes palácios de fantasiosas

Histórias de amor entre plebeus e nobres

Onde fadas madrinhas adormeceram

Cansadas de esperar pelo príncipe

Ah quase fiz de mim uma poesia

Feita na mente insana de um poeta

Transportado de outras eras

Quando se morria de amor

Ah quimeras feitas em desejos

De ser mais do que nunca pude ser

Ou sou...

Quase desfiz-me para te construir

Acordei depois de uma longa espera

Não és o sol a brilhar no ponto mais alto dos céus que avisto ao longe no mar...

Retirei-me da praia de onde podia pelas ondas navegar, entre o vai e vem do meu sonhar...

Fui quase puro sonho de amor

Desacreditei no teu olhar

A mim pouco restou

Apenas guardo na lembrança aquela flor que murchou.

E canto para mim mesma: " o amor que tu me tinhas, era pouco se acabou..."

Raimunda Lucinda Martins