Ternura - Vinicius de Moraes

Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

 

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

 

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente

E posso te dizer do grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas

Nem a fascinação das promessas

 

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta, muito quieta

 

E deixes que as mãos cálidas da noite

Encontrem sem fatalidade

O olhar extático da aurora.

 

Vinicius de Moraes

Outro poema que me marcou a adolescência