Na névoa da manhã

Na névoa da manhã, tranquila e suave

Vieste do fundo incerto do passado

Ainda tinhas o mesmo passo leve

E o mesmo olhar magoado...

 

Entre os rosais vermelhos tua boca

Era a rosa mais linda e mais vermelha

E como em torno dela inquieta e louca

Ia e vinha uma abelha!

 

Mas não paraste, como antigamente

Nem me estendeste a leve mão dolente

A leve mão de irmã...

 

Passaste... E, pelos campos, que alegria!

Pássaros, águas, plantas, tudo ria...

Na névoa da manhã.... 

 

Ronald de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1893-1935)

 

Da série de poemas e poetas que me marcaram a adolescência

 

Imagem: poema ilustrado à lápis (eu gostava de desenhar assim) num velho caderno em 1986

Maria
Enviado por Maria em 22/07/2024
Reeditado em 22/07/2024
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