para todo o sempre

O afundado se torna asa de borboleta,

Mistura-se ao vento e vende-se ao alto,

Torna-se farelo de um trigo eterno,

Recebendo do sol o gosto do infinito,

Beijando as paredes,

E destas, faz o pedestal da oração, leve,

Desvendada para o lago mais cristalino, belo,

Aceso, onde a água e o céu se beijam no reflexo,

Sou essa serra que se curva pelos campos, tecendo

Com a linha do pensamento o bordado das coisas

Amorosas, e estou nelas, como elas estão nas

Outras coisas, em sua miniatura mais grandiosa, sou

E tenho sido na aventura de me saber o lugar por onde o rio manso

Entoa sua solidão mais virtuosa, seu sulco amadurecido, seu fruto

Desfrutado pela língua da existência, tornando-se hálito fresco

Da paixão já consumida, já envolvida no gesto do corpo que sente

E generoso já se entregou à borda onde a vida brota e nasce

Para todo o sempre.