O medo

De que perdeu o dom da poesia

De que os dias serão mais vazios

De que a vida fará ainda menos sentido

De que a beleza não poderá mais ser registrada

Assim como a dor e a melancolia

De que o tempo correrá mais rápido

Ou se nem mais o sentirá

Se acabará como mais um zumbi

Com fome de ilusão e carne

Sem a própria alma

Sem o seu compromisso com a bondade

Sem a esperança ingênua do idealismo

Sem o romantismo do otimismo

Mesmo sem o pessimismo

Sem um mundo de sensibilidade

De emoções sinceras

Sem esse resquício de fé pela humanidade

Sem esse portal de escape

Como aquele em Caverna do Dragão

Sem esses rabiscos de inspiração

Sem esses monólogos de existência...