DORMIR
Francisco de Paula Melo Aguiar
Dormir não é o fim da vida
E nem o fim das dores
Da terra nascem as flores
E dos olhos a lágrima fingida.
Assim a morte não é sentida
Não deixa amizades e amores
Sonhando acordado com traidores
E concorrentes d'alma consumida.
A inveja é a pobreza que importa
Enquanto o mundo não desabe
E a riqueza mendiga disso sabe
Tudo perdido com a natureza morta.
Sonhar acordado, quem sabe?
Nascer, viver e morrer no exílio
Para isto não há impecilio
De porta fechada e o mundo acabe.