RAÍZES AFRICANAS

EU SOU DESCENDENTE DE CIVILIZAÇÕES AFRICANAS, MEUS ANTEPASSADOS FAZIAM PARTE DE REINADOS.

MINHA PARENTELA DESENVOLVEU MUITA TECNOLOGIA, DESDE A ESCRITA ATÉ À AGRICULTURA.

Muitas coisas a humanidade aprendeu com a minha ancestralidade. Celebro a cultura do milho em homenagem a quem apresentou a culinária enriquecida pelo batuque do pilão. Não apenas me alimento, consagro o arroz com quiabo, a todos e todas que deram vida

a mesa farta com suor. A banana da terra, não é o doce cozido, é a docilidade das conversas de amas de leite sentadas nas senzalas, aguardando a hora de oferecer suas tetas as pobres crianças brancas, como bezerros desgarradas de suas mães.

Em minha casa, sempre tem um arco, estilo africano, adornado com madeira, revestido por pedras, etc

Reverencio artistas africanos como entidades que inspiraram artistas mundo afora. Não cito grandes artistas, pois a grandeza de quem os inspirou não foi registrada, pelo menos que eu saiba.

Ouço jazz, não como quem ouve um americano, mas busco a alma daqueles que partiram sem se despedir, porém, deixaram suas marcas nos ritmos, nos instrumentos, eletrizante marca compassos também no rock , no samba,etc

A prática do uso medicinal das ervas, influenciou o estudo e desenvolvimento de laboratórios médicos em busca de curas.

Porém, a mesma tecnologia desenvolvida por minha ancestralidade, a navegação, foi transformada roteiros de escravidão, quando as bússolas de suas vivências serviram de norte para os navios negreiros.

As técnicas da tecelagem, que vestiram de algodão corpos brancos, desnudaram os corpos amontoados no fundo dos navios. Eles ensinaram tingir algodões, mas as suas peles foram tingidas de sangues, açoites, cansaço e suor.

Onde estão os idiomas das minhas mães, avós, avôs e demais parentelas silenciadas? Escondidos nas línguas portuguesas e francesas?

Não adianta fingir e lutar, nos altares das igrejas católicas estão as crenças espirituais africanas, estampadas nas imagens, nos gemidos de todos e todas obrigados e obrigadas a negar a si e suas histórias .

Hoje eu rogo as constelações, a astronomia de meus parentes de África, que foram espalhados pelo mundo, mas, coexistem no tempo e espaço da vida de seu próprio continente.

Peço perdão, porque também estou por cá longe, amarrada a força, mas meu sangue já misturado, e minha desculpa, vai por entender que o sistema de escrita como hieróglifos e nsibidi foram desenvolvidos por meu povo , mas não deixaram o registro escrito das mazelas torturas, físicas e psicológicas, porém, a força do meu povo tem na linguagem a oralidade.

Sabe aquele momento que a manteiga de karaté desliza sobre a beleza do meu ser? E a hena retoca com suavidade? Sinto as mãos da ancestralidade evocando a beleza feminina que em mim habita.

Ouvir o batuque das vozes africanas nas percussões da vida é reconhecer o ritmo das batidas que ainda vivem nos porões dos navios.

Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 21/07/2024
Reeditado em 10/08/2024
Código do texto: T8111908
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