ALGUMA COISA
Alguma coisa calou minha voz
Alguma coisa abrupta
Quebrando o poder da palavra
Alguma coisa me fez inaugurar o silêncio
Sufocando o grito e a palavra
Que havia dentro da memória
E gora tudo reduzido ao silêncio,
Aos passos macios nos caminhos da vida
Por causa dos cacos de vidro
Dos vômitos ou simplesmente
Por causa do medo
De tentar decifrar esse enigma
Algum dia, tudo deixará de existir
Pra que serve, então, esse mistério?
Pra que surgir de repente
Se no fundo a palavra quer ser dita
Junto desse silêncio que sonha
Em ficar clandestino dentro do tempo?
Para isso
Basta não surgir de repente
E rabiscar num branco de papel
A palavra vinda do desejo de ser feliz.