Pedido de ano novo
Peço-te que não se escondas demais
Das flores que um dia hão de brotar
No jardim de belas pétalas as quais
És a essência do bálsamo a exalar.
Peço-te, tão somente, que não deixe
Cada fardo convertido em pura dor
Furtar a poesia romântica num feixe
De água a cobrir um sonho de amor.
Peço-te que me esqueças amanhã,
Mas lembre-se de mim sempre agora
Sem o desalento dessa noite tão vã
Pela qual eu escrevo nesta hora.
Peço-te, com súplicas, que entenda
Minha insensatez quando falo vil
Do amor que roga a ti sem contenda
Esperando apenas um beijo sutil.
Peço-te que não ouça nem veja
Que a canção e o verbo transitivo
Não querem dizer da minha peleja
Nem do que sinto, sou instintivo.
Peço-te, que quando leres estas linhas,
Jogue-as fora para não acumular
Inutilidades de palavras vizinhas
Que devem pertencer apenas ao luar.
Peço-te, veementemente, que comemore
Cada segundo novo como o derradeiro
E o seguinte que somente devore
Com a eternidade no centro do picadeiro.
Peço-te que usufrua o novo e o antigo
Se enlace no abraço do amor sensato
Ganhe um ano no peito desse seu amigo
E me queira como eu a quero de fato.