Pedido de ano novo

Peço-te que não se escondas demais

Das flores que um dia hão de brotar

No jardim de belas pétalas as quais

És a essência do bálsamo a exalar.

Peço-te, tão somente, que não deixe

Cada fardo convertido em pura dor

Furtar a poesia romântica num feixe

De água a cobrir um sonho de amor.

Peço-te que me esqueças amanhã,

Mas lembre-se de mim sempre agora

Sem o desalento dessa noite tão vã

Pela qual eu escrevo nesta hora.

Peço-te, com súplicas, que entenda

Minha insensatez quando falo vil

Do amor que roga a ti sem contenda

Esperando apenas um beijo sutil.

Peço-te que não ouça nem veja

Que a canção e o verbo transitivo

Não querem dizer da minha peleja

Nem do que sinto, sou instintivo.

Peço-te, que quando leres estas linhas,

Jogue-as fora para não acumular

Inutilidades de palavras vizinhas

Que devem pertencer apenas ao luar.

Peço-te, veementemente, que comemore

Cada segundo novo como o derradeiro

E o seguinte que somente devore

Com a eternidade no centro do picadeiro.

Peço-te que usufrua o novo e o antigo

Se enlace no abraço do amor sensato

Ganhe um ano no peito desse seu amigo

E me queira como eu a quero de fato.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 10/01/2008
Código do texto: T811059