Das chagas que eu carrego

Foi numa tarde de verão

No meio do dia

Pré adolescência

E eu mal sabia

Que mudaria tudo

de novo

Que o meu rosto ficaria avermelhado

Que nunca mais voltaria ao normal

Que seria uma chaga do sol

Mais uma marca do tempo

Mais uma provação do acaso

até o pó

Mais um lamento, mais uma vergonha

Ampliados por minha hiper-consciência

E mesmo assim continuar seguindo em frente

Se não tem outro jeito

Com as mãos tapando o rosto

Quando era mais novo

Calando o pensamento sobre o que estariam pensando os outros

Associando o franzir da testa, de tensão, com essa maldita vermelhidão, com essa maldita descamação

Mais uma exposição pelo corpo

De um desvio

De uma luta

De uma aflição

De uma sensibilidade

De mais uma mutação