Restos
Nada restasse do que nunca foi...
Mas resta...
Resta o vazio repleto de decepção...
Um caminho que não foi percorrido
Um amor que foi sufocado
O ar pesado depois de uma garrafa de Tequila
A tola lua fazendo festa na janela
A vela do jantar se desgastando
Um até quando isso irá durar...
Testamento com muito mais teor
Do que uma história havida
Saboreada, conferida
Sonho que virou realidade...
Coisa mais besta
Depois de uma semana, vazia a cesta
E mais nenhum sabor para render frisson...
A dor do desgosto não é coisa boa
Claro que não!
Mas o que não foi, continua a rechear o bombom
Dar água na boca
Um sufoco atrás do outro
Coração em disparada
Desejar e nunca ter...
Prazer no desprazer
Coisa muito mazoquista
E essa lista sem fim
Chinfrim sim e daí?
Coloriu o gibi
Desbancou as estrelas
Fez bicos e bocas
Brecou o tédio
Quase um remédio
Veneno, absinto.
O tinto do vinho...
O vaticínio
Sem ponto final
Bicho, animal
Rosnando ao real
Necessitado de sonho
Risonho ou bisonho
Nem aí, o que importa?
Deu boca ao poema
Cama, a cena inteira
E até um aceno camarada.
O que nāo foi se jacta
Ser o vazio recheado de conjecturas...