Viagens
E ficava lá
Olhando passarinho
Viajando para onde
Tinha mar e mares
A desordem de amar
Quando procura em si
Os detalhes desse amar.
Escutar na própria voz
O cantor feliz do silêncio
Não ter preço, não se apressar
E lembrar da ciranda lá longe
O tempo dos avôs vivos
O tempo dos outros vivos
Ainda que não haja
A mesma alegria
Não estamos tristes
E ficava lá
A jogar pedra no lago
A conversar com as plantas
A respeitar o zoar das abelhas
Acreditava que nas periferias
Do coração era onde mora o simples
Gostava da terra mole perto do rio
Suas margens, suas profundezas
O olho vendo o fixo
Imaginava-se uma árvore
Um livro de poesia
Uma palavra.
Milton Antonios
17jul/2024