A beleza está na sonoridade
Perdoem-me os que pensam diferente,
Sobre o lustro verbete eloquente,
Magistral, célebre em semântica.
O pobre aprendendo física quântica
A fala escassa, provoca essa querela:
Ainda falando "mortandela"
Em sua mais pura simplicidade,
Para mim a beleza está na sonoridade.
O puritano, ilustre e exigente
Sobre a verve contida inclemente,
Um claustro de palavra concreta,
Sei que não é fria a alma do poeta,
Mas por que insiste nesta insanidade?
A ausência tange a alma inquieta,
Deixe que fale, "responsabildade."
Para mim a beleza está na sonoridade.
Cândido verbo senhor glossário,
À guisa de tal imenso dicionário,
Primoroso discurso exuberante,
Adjetivos em adornos elegantes,
Arrebatado pela própria cronicidade.
Gargalho, ó pobre fala dissonante
Quando me soa cheia de naturalidade,
Para mim a beleza está na sonoridade.
Catedrático, honroso de glosa imortal,
Teu apreço já é um desdouro colossal,
Teus martírios carecem de clemência,
Insurges sem um cisco de paciência,
Rabugice por tão pobre realidade.
A fala se esvai e prova não ter ciência.
Na inocência ele repete, "dificulidade".
Para mim a beleza está na sonoridade.