A beleza está na sonoridade

Perdoem-me os que pensam diferente,

Sobre o lustro verbete eloquente,

Magistral, célebre em semântica.

O pobre aprendendo física quântica

A fala escassa, provoca essa querela:

Ainda falando "mortandela"

Em sua mais pura simplicidade,

Para mim a beleza está na sonoridade.

O puritano, ilustre e exigente

Sobre a verve contida inclemente,

Um claustro de palavra concreta,

Sei que não é fria a alma do poeta,

Mas por que insiste nesta insanidade?

A ausência tange a alma inquieta,

Deixe que fale, "responsabildade."

Para mim a beleza está na sonoridade.

Cândido verbo senhor glossário,

À guisa de tal imenso dicionário,

Primoroso discurso exuberante,

Adjetivos em adornos elegantes,

Arrebatado pela própria cronicidade.

Gargalho, ó pobre fala dissonante

Quando me soa cheia de naturalidade,

Para mim a beleza está na sonoridade.

Catedrático, honroso de glosa imortal,

Teu apreço já é um desdouro colossal,

Teus martírios carecem de clemência,

Insurges sem um cisco de paciência,

Rabugice por tão pobre realidade.

A fala se esvai e prova não ter ciência.

Na inocência ele repete, "dificulidade".

Para mim a beleza está na sonoridade.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 16/07/2024
Reeditado em 17/07/2024
Código do texto: T8108371
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