SOBRE A ANARQUIA QUE VIRÁ
Apesar de todas as inércias,
impotências e comodismos eleitorais,
há entre nós alguns bravos,
indignados e inconformados
com tudo que atualmente se impõe como fato.
Para eles, não importa o governo
e a constituição,
tudo vai sempre mal onde
mansamente servem ao Estado
e obedecem cegamente
a lei e a ordem do Capital.
Apesar dos tantos e mansos rebanhos
que embriagam e calam a multidão
alguns ainda seguem resmungando e transgredindo na contramão.
Há entre nós, felizmente,
alguns poucos loucos e delirantes
que sonham honestamente
com uma grande rebelião.
Contamos, não duvidem,
com sinceros revoltados
que ousam dizer não
e inventam contra todo circo midiático
outra realidade,
outra forma de organização e sociedade.
Cotidiana e bravamente,
em suas pequenas trincheiras
eles apostam e aguardam,
contra todas as vanguardas,
o porvir de uma grande insurreição.
Acreditam sem fé ou esperança
na festa dos grupelhos e párias
que testemunharão a queda
da nossa república autoritária e oligárquica
diante da soberania do sem nome da multidão.
Um dia seremos um povo
na autonomia e anonimato dos múltiplos rostos
que inventarão a ordem de uma grande e fecunda anarquia.
O mundo
será, então, para todos
em uma terra sem amos
ou demagogos.