MACHADO
Ele era um homem de pouco papo
Sisudo e até bem afeiçoado
mantinha uma conduta séria
Na empresa o cumprimentavam
Dizendo: E aí, tudo bem Machado?
Ele respondia: Sim, muito obrigado.
Nada mais, sem aumentar o diálogo
Ele era um homem cismado
Em casa, um sujeito menos fechado
Também pudera, morava só ele e um gato
Quando chegava, o gato arranhava
suas pernas e ela mimava o danado
Fazia cafuné e dava ao bichano bom trato
Era um homem bom e leal
não tinha inimigos e nem era passional
Namoradas não tinha,
Ele até era bem apresentável
mas tinha dois vícios que não agradava
as unhas da mão roía
(dizia ser ansiedade e falta de companhia)
e o cabelo com gel penteava
(ficava estranho a primeira vista)
Por isso solitário vivia, porém
Machado, não se esforçava
para ser o contrário
Um dia foi ele convidado para um batizado
Logo ele, Machado, tão sisudo e fechado!
Resolveu ir para não fazer pouco caso
Na igreja chegando, um tanto deslocado
sentou-se perto de Angelina
Moça de rosto de menina
com vestido floral e meias de seda
e que exalava cheiro de margaridas
Machado ficou apaixonado
Depois dos ritos, ele foi devidamente apresentado
e segundo consta, deu se ali a mudança de fato
Aquele homem sisudo, sem papo
com gel no cabelo e unha roída
achou sua cara metade e nunca mais
foi visto solitário.
Machado e Angelina
Angelina e Machado
Namoro e Noivado
O padre meses depois fez o casamento
Sejam felizes
Felizarda Angelina!
Abençoado Machado!
Poesia n 198 do ano de 2024🎈