ALMA EM CARÊNCIA
Nasci numa casinha de taipa, solidão presente, amor ausente,
Onde os dias se arrastam lentamente, numa tristeza envolvente.
Família desamparada, lágrimas silenciadas na madrugada,
Cada passo dado é um peso, cada suspiro é uma jornada.
Catando migalhas na feira, criando sonhos num mar de ilusão,
Faminto de carinho, sedento de atenção.
No parque da vida, brinquedos quebrados, alegrias esquecidas,
Um coração perdido, sem sentir as batidas.
Casamento desfeito, lembranças diluídas, nós desfeitos,
Ecos de promessas que o vento levou feito folhas ao léu.
Trabalho árduo, mãos calejadas, olhos cansados de sonhar,
Uma vida marcada pela dor, a caminhar sem cessar.
No eco da tristeza que me acompanha, no vazio que me afoga,
No labirinto dos desejos, na busca sem esperança de uma fuga.
Sou o retrato do sofrimento, na encruzilhada da existência,
Espelhando a melancolia eterna, na luta sem sentido, na alma em carência.