Carta póstuma

Ao verme responsável

Por desfazer meu corpo:

Esse coração que você devora

Já foi corroído e machucado

Tantas outras vezes

Já amou e foi amado

Meus pés perfilados agora

Andaram errantes em calçadas

Fizeram marcas na areia

Que pelas ondas foram apagadas

Minhas mãos unidas como quem ora

Construíram pontes, levantaram muros

Serviram de guia no meio do escuro

também causaram dor por nada

Ao verme responsável por me desconstruir

faz teu serviço sem demora

Até nenhum vestígio de mim existir

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 14/07/2024
Reeditado em 14/07/2024
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