Carta póstuma
Ao verme responsável
Por desfazer meu corpo:
Esse coração que você devora
Já foi corroído e machucado
Tantas outras vezes
Já amou e foi amado
Meus pés perfilados agora
Andaram errantes em calçadas
Fizeram marcas na areia
Que pelas ondas foram apagadas
Minhas mãos unidas como quem ora
Construíram pontes, levantaram muros
Serviram de guia no meio do escuro
também causaram dor por nada
Ao verme responsável por me desconstruir
faz teu serviço sem demora
Até nenhum vestígio de mim existir