Versos Imperfeitos
Sou como um poeta,
Tomado por miríades de vultos.
Em meio a versos mal escritos,
Remonto um painel estilhaçado.
Nas imperfeições das estrofes,
Minha alma fragmentada ainda
Emoldura o horizonte como uma janela.
Após tantos verões, estou cansado dos invernos.
Perdido ao meio,
Rasgado em direções diferentes,
As lágrimas já não surgem de imediato;
Uma sensação estranha
E o vazio me acompanha na desdita.
Entre encantos e desencantos,
Sigo costurando meus versos.
Não tenho um destino.
A noite nunca se dissipa, dividindo
Quem fui e quem sou agora.
O silêncio cai, como uma cortina pesada,
A pior escuridão de todas.
Forjei meu próprio caminho.
Há pedras que não se deveria revirar,
Mas remoê-las me faz sentir melhor
Em relação aos meus próprios demônios.
É cruel dar esperanças quando não há nenhuma.
A perda abriu buracos enormes em mim.
Não se pode completar um quebra-cabeça com peças faltando.
Posso ter esperanças
Se uma âncora me puxa para baixo?
Não sei!
Mas na imperfeição dos meus versos,
Encontro refúgio e enfrentamento:
Medos e esperanças neles coexistem,
E, por mais que falhem, ainda podem compor uma nova estrofe a ser emoldurada.
Escrevo!