Versos Imperfeitos

Sou como um poeta,

Tomado por miríades de vultos.

Em meio a versos mal escritos,

Remonto um painel estilhaçado.

Nas imperfeições das estrofes,

Minha alma fragmentada ainda

Emoldura o horizonte como uma janela.

Após tantos verões, estou cansado dos invernos.

Perdido ao meio,

Rasgado em direções diferentes,

As lágrimas já não surgem de imediato;

Uma sensação estranha

E o vazio me acompanha na desdita.

Entre encantos e desencantos,

Sigo costurando meus versos.

Não tenho um destino.

A noite nunca se dissipa, dividindo

Quem fui e quem sou agora.

O silêncio cai, como uma cortina pesada,

A pior escuridão de todas.

Forjei meu próprio caminho.

Há pedras que não se deveria revirar,

Mas remoê-las me faz sentir melhor

Em relação aos meus próprios demônios.

É cruel dar esperanças quando não há nenhuma.

A perda abriu buracos enormes em mim.

Não se pode completar um quebra-cabeça com peças faltando.

Posso ter esperanças

Se uma âncora me puxa para baixo?

Não sei!

Mas na imperfeição dos meus versos,

Encontro refúgio e enfrentamento:

Medos e esperanças neles coexistem,

E, por mais que falhem, ainda podem compor uma nova estrofe a ser emoldurada.

Escrevo!

Divino Alves de Oliveira
Enviado por Divino Alves de Oliveira em 14/07/2024
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