Se fecho a porta do quarto
Deixo uma vida atrás dela.
Se a Lua se dispõe
a me dizer boa noite
sorrio educadamente para as estrelas.
O que demonstro nesses metros quadrados
é um depósito de poesias
e uma brisa fria que arrepia.
Meus versos tratam de feridas,
Mas ficam as cicatrizes.
Os momentos felizes
foram mímicas de mim mesmo.
Cozinhava as pupilas
Sonhando com noites de inverno.
Uma única caneta
Foi vítima da inspiração.
Deixei vazar no papel
as ondas que naveguei
e acreditei
ser senhor de minha vida,
Das letras que comandam meu rumo.
Perdi o rumo e as letras,
A vida vai, devagarinho...
Não libertei a voz contida
nas rosas colhidas.
Não faço um inventário do que sou,
Apenas arquivo memórias.