Scarface (2)
Um X9 me deu o esconderijo
onde estava escondido
o canalha que rasgou minha cara
Numa favela , num barraco de palafita
o X9 pra fazer essa delação premiada
exigiu um cachimbo é uma pedra de crack
assim funciona o submundo do crime
Não confie , mas também
não subestime ninguém
Claro que no dia em que fui agredido
não fiz nenhum BO
sem polícia na fita
essa é uma regra básica da favela
Seguindo tal regulamento poderia agir
seja qual fosse meu procedimento
Então fiquei de campana
Esperei o coelho sair da toca
Lembrei que na outra poesia
jurei que não queria vingança
mas acho que seria justo
mandar o canalha da navalha
pra terra dos pés juntos
Dei dez reais prum guri jogar pedra no telhado de zinco , do barraco
o guri sujo e de pés descalços
foi a isca pra minha armadilha
A pedra quebrou a telha
o cabra botou a cara pra fora
o guri correu com medo
O maldito xingou o muleque
Era ele , o X9 deu a fita certa
Sim , a vingança em mim existe
embora eu adore essa cicatriz
ela não foi feita do jeito
que eu desejaria
Lembro do meu sangue quente
jorrando na lâmina fria
fiquei cego de ódio
Invadi o barraco , vi o terror
nos seus olhos , quando eu gritei :
Me retalhaste que nem o Frankstein
agora terás , o que merece...
Ele tentou puxar a mesma navalha
que rasgou minha cara
mas dessa vez o elemento surpresa
não deu certo
alguns golpes de boxe
levaram ele ao nocaute técnico
Eu usei mesma navalha
que rasgou minha cara
para cortar seu pescoço
pronto o homem
que criou o Scarface , estava morto...