MUDEZ ENTARDECIDA .

E se as palavras já não são escritas

E as vozes silenciadas, estão

Ás tortas linhas dum papel em branco

Reluzindo palidez doentia, me agarro

Sustentada por fios (tão finos) de esperança

Bagunço as letras em desordem alfabética

Refaço versos, repito rimas, recrio textos

Invento palavras e todas me faltam

Quando em surdina, quem fala é você.

Aos contornos vazados, d'uma tela inacabada

Escorrem abraços de corpos distantes

Foi para ti que desfolhei as palavras

E empalhei o tempo ao sabor do sempre

Que, aos poucos, se acaba ,e é pra sempre

E pelos cantos(desses dos olhos) dá-se o pranto

Quando morre o encanto e nasce a dor

No doce engano de querer-te tão meu

Esqueci que na vida, de nada somos donos

E quando na escuridão finjo que te achei

Encontro-me a sós, vivendo uma só vida.

Elenice Bastos