NO MEIO DA CRISE
Há, sim, uma saída,
Ela está em algum lugar,
Fica bem escondida,
Tem que procurar.
Mas bateu o desânimo,
De repente está escuro,
Os olhos não enxergam,
Nada além desse muro.
Sombras passam lá fora,
Parecem todas inofensivas,
Gentis em seus passos mansos,
Na verdade são agressivas.
O terror se abateu,
Veio como um trovão,
Raios, granizo e ventania,
Fazendo confusão.
Obstáculos muito altos,
Falta força para vencê-los,
Ouço vozes que gritam
Em tom de desespero.
Vou sozinho para um canto,
Mas um canto de sereia
Me atrai com seu encanto,
Então morro na areia.
Morto vivo.
Vivo como um morto,
Um corpo inativo,
Barco à deriva, sem um porto.
A lâmpada queimou faz tempo,
Não há velas, nem fósforo.
Tateando o ar, ando contra o vento,
Que, frio, castiga o corpo fraco.
Manda agora, meu Deus,
Isso tudo parar!
Já cansei de sofrimento,
Não dá mais para respirar.