Gourmetização de Buda
Coimbra, 2022
Ganesha é grande como a barata.
A mancha desabrocha no animal
Que tu afagas e não levas a mal;
E igualmente ele afaga com a pata,
Arranha o vosso braço e lambe a ingrata
Mão que usas de modo tão fraternal.
Somos as divindades do banal,
No máximo mestres de vira-lata,
Mas cada peste se acha onipotente
Sobre o corpo exposto do maldizente,
E a mesma boca sente carne e chá;
Conheço de inseto e não de Ganesha.
Baratas comem e andam boçalmente
E isto sim é o karma no Ocidente.