Uma dor grande demais
Desmoronando...
Sacudia a cabeça (incrédula)
E chorava compulsivamente.
Lágrimas caíam sobre o rostinho do bebê
Que mamava em seu seio (tão inocente).
O corpo dela se encolheu,
Sentada no degrau da sala de estar.
O marido gritava... enlouquecido!
Algum desalmado lhe roubara
Todo o trabalho de um ano... ele urrava!
Ela era só dor... muita dor...
Tentou até balbuciar alguma palavra...
Desistiu...
Fixou os olhos no bebê... tão lindinho...
Lembrou-se de uma linda canção de ninar
E emitiu uns sons desconexos...
A canção de ninar ficou presa na garganta.
Sentia-se fenecer,
Queria mesmo desistir de viver,
Não fossem os filhos.
Aos poucos, a filha mais velha acalmou o pai.
Depois desse dia, ela emudeceu.
Passou a desperdiçar suas horas
Olhando os retratos na parede,
Encolhia-se diante da brutalidade do esposo.
Aguardava que ele adormecesse
Para que pudesse se olhar no espelho
E, de alguma forma, se recordar da mulher linda
Cheia de viço que um dia fora.
Levou um bom tempo para que a tormenta passasse.
Levou meses para que um pouco de paz novamente
Voltasse a reinar.
Izabella Pavesi
Imagem: Internet