Depois dum Getúlio

e uma bala no crânio…

os “Anos Dourados”.

 

Em 50 e 60: após ver

o mundo explodir, eu quis ouvir

Rock e vez ou outra me aventurar

a correr de polícia montada.

 

Em 70: descobri que a paz

e o amor, existia…

 

E existia gente de toda

cor e que o mundo podia sim,

ser mais colorido.

 

Quis ouvir sons indianos,

e sintetizadores; guitarras distorcidas

o Pink e o Floyd e um restinho de Beatles.

 

Enquanto o Disco mostrava

que não só Panteras Negras

rugiam e lutavam contra a força bruta

e um lugar no mundo.

 

Ouvi a voz e suingue daqueles

que conseguiram se soltar

de correntes.

 

E quis que o mundo

ficasse de cabeça pra baixo

com a Tropicália e Raul.

 

Em 80: eu quis passar

gel nos cabelos e ver filmes

de horror de baixo orçamento.

 

Os “defeitos” especiais duma

Guerra Fria que insistia em manter

a batata do planeta, quente.

 

Destruindo famílias em sofás

e tudo aquilo que quase se uniu

pra sempre nos anos 70.

 

Voltávamos a ser cada qual

olhando por… cada qual.

 

Em 90: Eu quis ver

mulheres nuas; em revistas

e em programas de TV aberta.

 

A gente decidiu que ninguém

mais reclamava ou se queixava,

Ninguém pensava;

 

ninguém mais

falava de nada. Embora

a Ditadura tivesse acabado.

 

Apresentadoras loiras,

a beleza era loira; as LOIRAS vencendo

as Guerras outra vez.

 

Jovens inquietos na escola

pensando em suicídio

enquanto ouviam CDs

do Nirvana.

 

Em: 2000: pensávamos que o mundo

ia acabar e tudo que aconteceu foi

a internet ficar um tiquinho mais rápida.

 

Grupos de cantoras e cantores

fazendo Playbacks e Boy-Bands.

nada de Negro no Front.

 

Quem não pagava internet

também não podia

pagar por comida.

 

2010: Copa na ÁFRICA?

MULHER?! Presidente?!

 

E uma bomba atômica

em nossos ouvidos chamada:

“Sertanejo Universitário”.

 

A Legião Urbana convertida

na igreja dos Los Hermanos.

 

a burrice de se achar

inteligente só de conseguir

entrar numa faculdade.

 

2020: eis o Apocalipse.

 

Parece que apocalipses

chegam quando querem.

E ninguém mudou nada

E “nada” mudou ninguém.

 

AS DÉCADAS não

ensinaram mais do que

um bolso cheio ou vazio.

 

Sua saúde: boa ou ruim.

suas festividades particulares.

 

… sua tragédia pessoal.

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 07/07/2024
Código do texto: T8102019
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