Passarinho Machucado
Da umidade salgada
Que preenche o ar daqui
Respiro suavemente
Apenas respiro, e mais nada
No quintal dos fundos da casa
Fico horas a admirar o verde
Que me cerca. E como
que na hora certa
Um passarinho que feriu a asa
Impossibilitado de voar
Cai ao meu lado e desperta
Meu apreço por momentos
como este
A possibilidade de ocupar-se
De medicar e zelar
A forma de vida, que
Agora, possuinte de ferimentos
Carece d'amparo e resguardo
Animal sem rumo
Da mão racional e benevolente
Do ser talante abrasado
Alvedrio de homem decente
Que nos resta se não
Senhores do topo
Da cadeia egocêntrica
Instituir e prestar ajuda
Ao que tem apenas a vida
Diversamente às perpetrações
Dessa sociedade assimétrica.