Folhas de Palmeira

São dois dedos

Dois dedos de fresta

É isso que me resta,

Fitar de relance, as visões

Dessas volantes

porções cerradas, das

Folhas das palmeiras.

A passo manso, tateio

No escuro

Roçando-me nas beiras

E o que me resta?!

Se não as parcelas cruas

de folhas de palmeiras.

M'nhas entranhas gritam

O intestino urra, chora

e uiva.

Ind'assim, essa Lua, torna

á mim, o outro lado

Da face.

Consequente a cada pelo e ruga

Qu'em mim nasce

A imagem da face tua,

Fica-me deveras distante,

Demasiada turva.

Pois sinto o corpo torcendo-me

na curva,

Oleosa e traiçoeira

Mesmo eu buscando o

Caminho reto. Como, Deus?

Ainda dou de fronte com a

Casinha, singela e nua,

da longínqua Feiticeira.

Todavia, quando torno-me

O retomo do controle

da viseira.

São aqueles dois dedos

que vejo.

Aqueles dois dedos de

Folhas de palmeira.

Onde cabem saudades, medos

Angústias e ânsias,

D'uma vida e mais

uma vid'inteira.

Sinto falta de minha

mãezinha

Nessas tardes e noites

Tortuosas

Temo quimeras de luto

Mas por esse meu deus

Absoluto. Desnudo-me

e rechaço o véu, mesmo

Que ninguém mais queira.

Ah! Distraio-me fitando - com

os olhos marejados e firmes -

'Ses pedacinhos flamulares

De palmeira.

Porém és tu, m'nha dor

Dor minha,

Preciosamente verdadeira?

Tens-me uso?

Ou és apenas, de contar

os dias, minha maneira?!

Ai de ti se assim for. Me recuso!

Usurpar-te-ei as forças,

Para expurgar-te em

Palavras escatológicas

De meu cérebro as lógicas,

Não deixá-lo-á mais

Confuso.

Até, como e quando meu

eterno Pai queira.

Enquant'isso, contento-me

com reflexo em

M'nhas óticas, da luz

Dos dois dedos de

Folhas de palmeira.

Rafael Arcangelo Vettori
Enviado por Rafael Arcangelo Vettori em 06/07/2024
Código do texto: T8101261
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