Folhas de Palmeira
São dois dedos
Dois dedos de fresta
É isso que me resta,
Fitar de relance, as visões
Dessas volantes
porções cerradas, das
Folhas das palmeiras.
A passo manso, tateio
No escuro
Roçando-me nas beiras
E o que me resta?!
Se não as parcelas cruas
de folhas de palmeiras.
M'nhas entranhas gritam
O intestino urra, chora
e uiva.
Ind'assim, essa Lua, torna
á mim, o outro lado
Da face.
Consequente a cada pelo e ruga
Qu'em mim nasce
A imagem da face tua,
Fica-me deveras distante,
Demasiada turva.
Pois sinto o corpo torcendo-me
na curva,
Oleosa e traiçoeira
Mesmo eu buscando o
Caminho reto. Como, Deus?
Ainda dou de fronte com a
Casinha, singela e nua,
da longínqua Feiticeira.
Todavia, quando torno-me
O retomo do controle
da viseira.
São aqueles dois dedos
que vejo.
Aqueles dois dedos de
Folhas de palmeira.
Onde cabem saudades, medos
Angústias e ânsias,
D'uma vida e mais
uma vid'inteira.
Sinto falta de minha
mãezinha
Nessas tardes e noites
Tortuosas
Temo quimeras de luto
Mas por esse meu deus
Absoluto. Desnudo-me
e rechaço o véu, mesmo
Que ninguém mais queira.
Ah! Distraio-me fitando - com
os olhos marejados e firmes -
'Ses pedacinhos flamulares
De palmeira.
Porém és tu, m'nha dor
Dor minha,
Preciosamente verdadeira?
Tens-me uso?
Ou és apenas, de contar
os dias, minha maneira?!
Ai de ti se assim for. Me recuso!
Usurpar-te-ei as forças,
Para expurgar-te em
Palavras escatológicas
De meu cérebro as lógicas,
Não deixá-lo-á mais
Confuso.
Até, como e quando meu
eterno Pai queira.
Enquant'isso, contento-me
com reflexo em
M'nhas óticas, da luz
Dos dois dedos de
Folhas de palmeira.