Espelho

Vesti-me do disfarce socializante

Rubra face de dentes mil

Mesmo desnudo, naquele instante

Cobri meu corpo com o tédio vil

Ninguém me vê, vivia um sonho

Não ser notado era emolumento

Por que ao vestir a verdade, disponho

D'uma fragilidade solúvel ao vento?

Serei eu inconveniente sempre?

Ou conveniência é algo que se compre?

Hei eu de andar vestido de intujice

Ficarei nu perante a quem merece

Na cama, na conversa ou na quermesse

Fico assim somente ao que o amor me disse.

A Tâmara graciosa é ela

Meu espelho áureo, que desmente

A inconveniência torna-se mazela

E eu, andarei pelado daqui p'ra frente.

Rafael Arcangelo Vettori
Enviado por Rafael Arcangelo Vettori em 06/07/2024
Reeditado em 06/07/2024
Código do texto: T8101225
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