Espelho
Vesti-me do disfarce socializante
Rubra face de dentes mil
Mesmo desnudo, naquele instante
Cobri meu corpo com o tédio vil
Ninguém me vê, vivia um sonho
Não ser notado era emolumento
Por que ao vestir a verdade, disponho
D'uma fragilidade solúvel ao vento?
Serei eu inconveniente sempre?
Ou conveniência é algo que se compre?
Hei eu de andar vestido de intujice
Ficarei nu perante a quem merece
Na cama, na conversa ou na quermesse
Fico assim somente ao que o amor me disse.
A Tâmara graciosa é ela
Meu espelho áureo, que desmente
A inconveniência torna-se mazela
E eu, andarei pelado daqui p'ra frente.