Outrora

De cenho cerrado nasci

No banhado genético banhei-me

Longo e magro, o véu humano vesti

De um corte, rechaçado, aferraram-me

Suicida infante, fetal e elegante

Enrolei-me no cordão - recusei -

Toda vindoura via de chão fumegante

Hei eu de morrer ante ao que não sei

O eclipse daquela sexta-feira

Fez a Lua urrar um cântico

Ninou o pequeno, deixou-o na beira

Do recém formado, abismo quântico.

Sobrosso tomou-lhe a fronte

Chorava ao ver o lúgubre horizonte

Como quem premoniza a agonia

Assumiu o desafio de pronto

Conjecturou cada poema e conto

Qu'auspiciosamente em sua vida haveria

Entregou-se ao colo - tenro - da progenitora

Rafael Arcangelo. O filho da Lua,

Robusto futuro, passado qu'outrora fora

A alma límpida que a vida polua.

Rafael Arcangelo Vettori
Enviado por Rafael Arcangelo Vettori em 06/07/2024
Reeditado em 07/07/2024
Código do texto: T8101222
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