O silêncio que ecoa no poema
Numa tarde sem perceber a vida
ensaio gestos mecânicos,
observo o nada que se lança
na imprevisibilidade do instante,
o horizonte, tênue réstia de sol,
febril e distante, amarelecida,
às vezes a vida se desvela mais além,
talvez além daquela réstia de sol,
neste instante de quietude plena
sou espectador, sem expectativas
que contempla de soslaio
o jogo de sombras que o ocaso tece,
móveis ensaiam suas danças
no espelho inclinado do chão,
havia ali um silêncio de cores,
um silêncio que ecoa no poema.