Economia
Perdoe a cara amarrada
É que não conseguimos nos libertar das antigas correntes
Maresia imprevidente
E é difícil não encabular
É muito pão dormido
Muito osso sem tutano
Não têm mais beira
Tudo é buraco
O saco rasgou o fundo
Será o fim do mundo?
É difícil não concordar com isso
Vamos à beira do precipício
Pouco espaço e muito aperto
Empurra empurra no caminho da feira
Sobra hipocrisia
Falta endereço
Falta tudo
A conta não fecha
São muitas saudades
Noites sem sono
Grandes pesadelos
Perdoe a cara amarrada
Não sei rir à toa
Muitas léguas tiradas na busca pelo pão
Duro chão
Pouco descanso
Vamos ficando sem pedaços
Perdendo os horários da vida
Que sempre anda corrida
Economia, ciência fria da vida
Ninguém sabe o dia da morte
Calcular os metais é fácil
Difícil é entender quando eles valem uma vida
Essa conta não bate
Quem compra quem?
Quanto custa o pão de cada dia?
Desculpe, era o que eu tinha no bolso
Uma caneta e um grande vazio
Não compro nada hoje
Só olhando o tecido da vida
As traças entraram em ação
Não sacio meu coração com promoções de supermercado
Quanto custa o pão?
Quanto vale a vida?