Economia

Perdoe a cara amarrada

É que não conseguimos nos libertar das antigas correntes

Maresia imprevidente

E é difícil não encabular

É muito pão dormido

Muito osso sem tutano

Não têm mais beira

Tudo é buraco

O saco rasgou o fundo

Será o fim do mundo?

É difícil não concordar com isso

Vamos à beira do precipício

Pouco espaço e muito aperto

Empurra empurra no caminho da feira

Sobra hipocrisia

Falta endereço

Falta tudo

A conta não fecha

São muitas saudades

Noites sem sono

Grandes pesadelos

Perdoe a cara amarrada

Não sei rir à toa

Muitas léguas tiradas na busca pelo pão

Duro chão

Pouco descanso

Vamos ficando sem pedaços

Perdendo os horários da vida

Que sempre anda corrida

Economia, ciência fria da vida

Ninguém sabe o dia da morte

Calcular os metais é fácil

Difícil é entender quando eles valem uma vida

Essa conta não bate

Quem compra quem?

Quanto custa o pão de cada dia?

Desculpe, era o que eu tinha no bolso

Uma caneta e um grande vazio

Não compro nada hoje

Só olhando o tecido da vida

As traças entraram em ação

Não sacio meu coração com promoções de supermercado

Quanto custa o pão?

Quanto vale a vida?

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 02/07/2024
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