Desgritos

As paredes não tem sequer audiência

Mas talvez um dia elas tivessem

Os gritos sempre nos dizem

Do burbúrio, contra comedidas preces

A voz não tem algum atento ouvinte

Se talvez você não fale sua língua

O lirismo sempre tem dançarino

Do par, mas apenas se há quem aplaudia

O vento carrega em seus ombros o peso

Da leveza, seja o devastador tufão

O mitril se bebe de exofre, até virar anel

De matrimônio de seres no inferno, mas ainda bons

A água não é condição de vida, suficiente

Mas tente sobreviver com sede

Os restos também alimentam, sobretudo abutres

No ninho das águias há comerdes

Não esperava condescendência pelo meu ego

Nem honraria pelo que fiz de mais belo

Aprendi que para os fracos era a misericórdia

E minha poesia é a demiurgia de cacos com corda