"Pequeno Inventário das Notas ao Psicanalista" - II
Esta Culpa
a fazer a gente transformar
o Mundo em Confessionário.
- Eu, pecador, confesso...
Oras?!
Mas quem quer saber
de tua perdição?
Nem tu mesmo
que, no dia seguinte,
já queres esquecer
e se não esqueces verdadeiramente
pela incapacidade de o cérebro
torpe e entorpecido
guardar noções, razões e senões
do que te fará brotar
do fundo arrependido do peito
esta necessidade de sermões,
penitências, indulgências,
promessas de "nunca mais".
Aprendi e foi até cedo:
Dos meus males,
não guardo segredo.
Mas... quer saber?
Nem queira!
Que isto, nada acrescenta.
Não que me incline,
nesta hora,
à dissimulação.
Mas para quê blá-blá-blá?
Para quê?
Se perdão não é coisa de palavra,
mas de afeição?
Se errei, não digo.
E, assim, está tudo certo
mesmo todo o errado.
Não é bem isto, caro amigo?