As quatro estações
Clareando o céu distante
enfim descansava a madrugada
a aurora flamejava raiada
naquele último dia de verão
fenecia o sol para a nova estação
cintilava uma estrela serena
o outono ainda púbere
logo que li teu poema.
Não havia medo em mim,
mas havia pena.
A tarde caía quase inércia
enquanto teu fogo me ardia
ao longe se ouvia inefáveis arpejos
enquanto a brisa nos tocava
eu mirava teus olhos cheios de desejos
diante da tua alegria
em transe vespertino findou
o outono em foco cristalino
minha fronte franziu descontente
o inverno surgiu vertiginosamente.
Um eco agudo suspirava
era como se a primavera gritasse
avencas delicadas choravam
clamando às flores que recitassem
onde tu passava a poesia brotava
sussurrando um toque vernal
ali não havia rival
o amor sua seiva derramava
transbordava toda a alegria
a ternura entre teus seios repousava.