CASO PERDIDO?

CASO PERDIDO?

Será que ainda há tempo

Para entender e corrigir

Esse ir e vir

Desta terra e seus carnavais

Cheias de alegorias e adereços

Essas sombrias alegrias

De múltiplos endereços

E poucas poesias

De tantos em ilusões

Matando sua solidão

Em poucos dias

Enquanto em muitos dias

Amanhece-se em escuridão

Que não se dissipa

E explode em mentiras

E implode a cidadania

Em todos os novos anos

Que já nascem velhos

Com eternas dívidas

E mal vividas utopias

Interrompidas em discursos

Sempre de duplo sentido

Cheios de frutos proibidos

E muitos ruídos

E o silêncio da consciência

Rompido por estampidos

Nas ruelas escuras

Dos obscurantismos

Esquecidas desde sempre

Na eterna rotina

Do salve-se quem puder

Foda-se quem não puder

Exploda-se na esquina

Participando da carnificina

Que mata corpos e almas

E jamais se acalma

Segue impávida colosso

Sem pele só osso

Em missas terços rosários

De enganos em corolários

Num país de muitos ninguéns

E alguns alguéns

Encastelados em palanques e palácios

E a última flor do lácio

Murcha em cemitérios

De heróis de falsas lutas

Progressistas ou conservadoras

Contra tudo e todos que pastam por aqui

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/06/2024
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