Retrospecto
Seria triste se já não fosse cômico
No tempo, no templo, na mesma posição.
Entoando o mesmo acorde, a mesma canção
Infração ou culpa ao celibato canônico?
Esparramado no trono d'outro salão,
À fitar mosaico, desnível e parede. Atônito.
Pescaria farta, não falta rede. Nó atômico,
Escatológico, sinfônico. No mesmo valão.
Sem compromisso com poesia e filactério,
Como encontro-me neste secreto monastério?
Será tolice essa saudade da escuridão?
Emudeço, esqueço e finjo uma cara de sério
Contento-me em caçoar deste e doutro mistério
Fazer retrospecto tolo enquanto apto da sofridão.