CURIOSO
Curioso é não saber quem se é de fato,
Um mistério envolto em véus de recato.
Entre o ser e o dizer, um jogo abstrato,
A identidade se revela em cada ato.
Se não sei dizer quem sou, que o silêncio me guie,
Que as palavras sejam pontes, que a alma respire.
Pois ao dizer, transformo-me no que digo,
Em cada verso, em cada abrigo.
A identidade se molda, se reinventa na fala,
No fluxo das palavras, na jornada que embala.
Curioso é ver-me refletido no que expresso,
Na dança das frases, no eterno regresso.
Assim, entre o ser e o dizer, desvendo meu ser,
Na metamorfose das palavras a florescer.
Curioso é esse jogo entre a alma e a voz,
Onde quem sou se revela em cada eloquente algoz.