AS FLORES SILENCIOSAS

Mas o que é então esse mal estar civilizado,

adestrado pela cortesia burguesa?

Preciso retalhar a carne indiferente,

deitada sobre a porcelana fria,

para investigar, em suas mortas tripas

o veneno que abreviou seus dias.

Burocracia para uma contagem infinita

de viajantes daqui para fornalhas e criptas.

Depois, de cada centímetro costurado,

o apodrecimento devidamente maquiado,

parte o gado para adoração e escárnio.

Entregue ao seu remorso ou seu alívio,

porque afinal, somos todos civilizados.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 26/06/2024
Código do texto: T8094362
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