DO VELHO GURI
(para o neto, Arthur)
DO VELHO GURI
Não choro mais, assim : um chorar sem criança!
Nesse guri, em mim, tais lágrimas, jamais!
Nesse velho, sim, o tal chorar não se cansa...
não tem o dó ou o fim ou manhã ou paz...
Na rua saudade, o meu ir não avança;
fica na metade; num ficar para trás.
E, preso na grade dessa prisão de lança,
a ponta covarde da dor, me dói demais!
Porém, o menino só caminha feliz;
no seu bom destino, que nasceu pra cantar.
E se desafino (um velho a chorar!)
Sorrindo, ele vem; seu sorriso me diz :
"Sorria também; pois, mesmo sendo atriz,
a dor de estar sem, em paz, pode estar."
Torre Três ( R P )
26_06_24