Elegia ao Amor Perdido
O sacrifício da paixão quebra o sonho
nos confins da alma. Solitário
serás e despedaçado,
caricatura de amante
para a curiosidade dos ingênuos
e indiferença dos cínicos.
Sofrerás o desprezo de corações frios
e morto quedarás
no abismo de lembranças e de mágoas.
Eu te celebro em vão
como ao êxtase colorido mas efêmero,
projeto da vida interrompido
ao acaso de desencontros e promessas
do amor ao esquecimento
do museu de rancores.
Eu te inscrevo, ternamente,
no diário das dores deste mundo
pois para isto vieste:
para a inutilidade de amar.
(Elegia a um Tucano Morto - Carlos Drummond de Andrade)