A asa amputada dum passarinho
Rio de Janeiro, 2021
Quase um chique tapete persa da
Cor dum hematoma: vermelho, verde,
Azul e bege; porém, se ver de
Perto, é nítida a despedaçada
Lã, o algodão sujo e a seda amassada.
Entretanto, a legítima verdade
É que o tom é o ensoberbecer de
Quem tem uma linda, mas mal lavada
Blasfêmia morta num ser d'outra raça.
Não sei quem molha e esfrega, quem desfaça
Ou teça a bela decomposição.
Elegante eterno, não morre em vão
E não será infinita a desgraça
Da riqueza que a terra despedaça.