A asa amputada dum passarinho

Rio de Janeiro, 2021

Quase um chique tapete persa da

Cor dum hematoma: vermelho, verde,

Azul e bege; porém, se ver de

Perto, é nítida a despedaçada

Lã, o algodão sujo e a seda amassada.

Entretanto, a legítima verdade

É que o tom é o ensoberbecer de

Quem tem uma linda, mas mal lavada

Blasfêmia morta num ser d'outra raça.

Não sei quem molha e esfrega, quem desfaça

Ou teça a bela decomposição.

Elegante eterno, não morre em vão

E não será infinita a desgraça

Da riqueza que a terra despedaça.

de Jesus de Oliveira
Enviado por de Jesus de Oliveira em 24/06/2024
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