Identidade Fluida

Num emaranhado de signos e significantes,

onde o significado se mostra fluido e volátil,

um questionamento ouso levantar:

Quem sou eu? Quem é você?

Quem somos nós, afinal?

Diante de uma efemeridade que permeia,

modela tudo e a todos sem cessar,

Já não sou quem fui,

Já não sei quem sou ou o que serei!

Dia a dia me torno mais diverso,

menos difuso hoje do que serei amanhã,

Deixo de ser o Homo sapiens que pensei ser,

tornando-me algo sem identidade fixa,

constantemente moldado e remodelado

pelas circunstâncias e experiências,

Torno-me um Homem-Éter, quem sabe?

Onde estão minhas certezas de outrora?

Onde estão os meus medos e minha solidão?

Para onde foram minhas incertezas?

E minha angústia e preocupação?

Que sentimentos estranhos são esses que sinto?

Tão superficiais, tão temporários,

reflexo da natureza líquida das minhas conexões?

Isso não é Amor, são sentimentos precários!

Na volatilidade do que me moldo,

surge a liberdade e a responsabilidade,

de me reinventar continuamente.

Mas seria isso liberdade?

Ou uma nova forma de prisão?

Ahhhh, como Atlas sobre os ombros carrego,

o peso dessa necessidade constante,

de adaptação ao novo fluido que sou,

no agora e que não serei no instante.

Estou cansado dessa modernidade líquida,

Quero buscar minha antiga coerência,

quero algo sólido e contínuo no meu caminhar,

Ahhhh, que saudade do homem que fui,

Quero reunir meus cacos, recuperar minha essência.

Divino Alves de Oliveira
Enviado por Divino Alves de Oliveira em 23/06/2024
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