Identidade Fluida
Num emaranhado de signos e significantes,
onde o significado se mostra fluido e volátil,
um questionamento ouso levantar:
Quem sou eu? Quem é você?
Quem somos nós, afinal?
Diante de uma efemeridade que permeia,
modela tudo e a todos sem cessar,
Já não sou quem fui,
Já não sei quem sou ou o que serei!
Dia a dia me torno mais diverso,
menos difuso hoje do que serei amanhã,
Deixo de ser o Homo sapiens que pensei ser,
tornando-me algo sem identidade fixa,
constantemente moldado e remodelado
pelas circunstâncias e experiências,
Torno-me um Homem-Éter, quem sabe?
Onde estão minhas certezas de outrora?
Onde estão os meus medos e minha solidão?
Para onde foram minhas incertezas?
E minha angústia e preocupação?
Que sentimentos estranhos são esses que sinto?
Tão superficiais, tão temporários,
reflexo da natureza líquida das minhas conexões?
Isso não é Amor, são sentimentos precários!
Na volatilidade do que me moldo,
surge a liberdade e a responsabilidade,
de me reinventar continuamente.
Mas seria isso liberdade?
Ou uma nova forma de prisão?
Ahhhh, como Atlas sobre os ombros carrego,
o peso dessa necessidade constante,
de adaptação ao novo fluido que sou,
no agora e que não serei no instante.
Estou cansado dessa modernidade líquida,
Quero buscar minha antiga coerência,
quero algo sólido e contínuo no meu caminhar,
Ahhhh, que saudade do homem que fui,
Quero reunir meus cacos, recuperar minha essência.