Pássaro, tuas asas não batem
O gelo te esconde até de si
Em bloco com esmero talhado
Perfeito quadrado como nunca vi.
Se te move um centímetro,
É com muita energia
E a fadiga é sentimento
Tal qual tua apatia.
Como gloriosa escultura
De asas abertas, imponente
O que tens de envergadura
Eu sei que tem de impotente.
E o tempo que passa
Impregna no ar
O medo que te transpassa
"Não poder mais voar"
Pássaro, tuas asas não batem
O gelo te esconde até de si
Desejo a ti que lhe desatem
Nós que no teu peito eu vi.
Bata, bata, as asas
Mesmo com forças vãs,
No calor em que te abrasas
Encontrarás novas manhãs.