Pássaro, tuas asas não batem

O gelo te esconde até de si

Em bloco com esmero talhado

Perfeito quadrado como nunca vi.

 

Se te move um centímetro,

É com muita energia

E a fadiga é sentimento

Tal qual tua apatia.

 

Como gloriosa escultura

De asas abertas, imponente

O que tens de envergadura

Eu sei que tem de impotente.

 

E o tempo que passa

Impregna no ar

O medo que te transpassa

"Não poder mais voar"

 

Pássaro, tuas asas não batem

O gelo te esconde até de si

Desejo a ti que lhe desatem

Nós que no teu peito eu vi.

 

Bata, bata, as asas

Mesmo com forças vãs,

No calor em que te abrasas

Encontrarás novas manhãs.

Docke Lima
Enviado por Docke Lima em 22/06/2024
Código do texto: T8091378
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.